sábado, setembro 27, 2025

Ex-delegado morto: suposto atirador é transferido para evitar resgate

Criminoso se apresentou à polícia e foi apontado pelo secretário Guilherme Derrite como um dos supostos assassinos de Ruy Ferraz Fontes

Alfredo Henrique // Por Metrópoles


Divulgação/Polícia Civil

Rafael Marcell Dias Simões, o Jaguar, preso desde o último dia 20, quando se apresentou à Polícia Civil, será transferido do Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, no litoral paulista, para a carceragem de um departamento policial da capital paulista, com o intuito de evitar uma eventual tentativa de resgate, por parte do Primeiro Comando da Capital (PCC). A decisão foi autorizada pela juíza Luciana Viveiros Corrêa dos Santos Seabra, de Santos, na quarta-feira (24/9).

Jaguar é apontado como um dos investigados pela morte do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes. O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que o criminoso seria um dos atiradores responsáveis por fuzilar o policial civil aposentado, na Praia Grande, litoral paulista, no último dia 15.

Ruy trabalhava na ocasião do crime como secretário municipal da Administração de Praia Grande, cargo com o qual teria conquistado desafetos, também investigados como suspeitos de envolvimento na arquitetação do assassinato.


Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de SP // Divulgação: PC de SP


Suspeitos de participação da morte de Ruy Ferraz


Ruy Ferraz foi executado em Praia Grande - SP




Cemitério da Paz no Morumbi, onde o o ex-delegado-geral Ruy Fontes foi sepultado

A transferência de Jaguar

O pedido de transferência, obtido pelo Metrópoles, fala sobre a possibilidade de o criminoso, mesmo preso, seguir exercendo influência no litoral paulista, onde reside, além de não descartar um “eventual resgate” de Jaguar.

A solicitação partiu do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que argumentou a necessidade de manter o preso sob custódia na capital, por causa das investigações sobre a execução de Ruy Ferraz.

O magistrado do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo) foi consultado e não apresentou oposição. A transferência foi autorizada com “todas as cautelas de praxe”, de modo a garantir a segurança durante o deslocamento.

Jaguar é citado no processo do caso como envolvido no planejamento do homicídio do delegado aposentado. A morte de Ruy Ferraz, que incomodou facções criminosas por sua atuação em investigações contra o PCC, tornou-se um dos casos prioritários da polícia paulista. A presença de um dos supostos atiradores no departamento da capital foi considerada estratégica para facilitar oitivas e diligências.

A decisão judicial determinou a comunicação imediata à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e ao CDP de São Vicente. O despacho encerrou-se com a ordem de arquivamento após a execução da transferência.

Trajetória criminal de Rafael Marcell

Jaguar acumula passagens antigas pela Justiça paulista. Sua trajetória criminosa iniciou-se oficialmente em 2009, quando foi preso por crimes relacionados a organização criminosa e homicídio. Ao longo dos anos, respondeu a diferentes ações penais, permanecendo detido por períodos alternados entre o sistema prisional e o regime de liberdade provisória.

Registros judiciais, obtidos pela reportagem, mostram que ele foi solto em mais de uma ocasião após cumprir partes das penas ou mediante decisões da Justiça, mas voltou a ser capturado em novas investigações — consolidando sua imagem de reincidente. A folha de antecedentes dele indica movimentações de custódia, concessões e revogações de benefícios, revelando uma trajetória marcada por idas e vindas ao cárcere.

A sequência de prisões e solturas demonstra a reincidência e a relevância de Rafael Marcell como alvo prioritário das forças de segurança. Sua inclusão no caso Ruy Ferraz consolidou a retomada de medidas restritivas mais severas e o manteve como uma das figuras-chave nas apurações sobre a atuação do crime organizado na execução do ex-delegado-geral.

A defesa dele não havia sido localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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